Mulheres, Visões e Revoltas
Texto de Sérgio Almeida para o Jornal de Notícias:
São mais de 20 anos a proclamar a urgência de uma revolução, não só política e social, mas sobretudo da esfera do indivíduo, esse território último, afinal, onde tudo germina.
Desde os primeiros livros até ao presente, António Pedro Ribeiro prossegue uma sanha poética feita da recusa da aceitação das normas vigentes que tem como objetivo maior a construção de um Homem novo.
Aos que lhe colam o rótulo de utópico, como se de um insulto se tratasse, limita-se a apontar para a História, ou não tivessem sido aqueles que propuseram caminhos alternativos aos da maioria os grandes responsáveis pelas mudanças verificadas através dos tempos.
Na esteira das suas grandes influências de hoje e sempre, de Nietzsche a Che Guevara, de Jim Morrison a Baudelaire, procura questionar os supostos grandes valores. “Quantos vales hoje no mercado ? / Vendeste-te bem na praça? / Amor, felicidade, liberdade / isso já não interessa / estás aqui para competir / para agradar ao patrão / ao deus que te controla / / nada de fantasias ou utopias / sê eficaz / obedece / não questiones / submete-te”, escreve no poema “Mercado”.
Apesar da coerência inatacável que percorre estes escritos, o tempo não passou à margem. Como o próprio confessa em “Um homem de contrastes”, lembrando que “o poeta dos cafés e dos bares” deu agora lugar a um ser mais contemplativo, mesmo que prossiga com “as viagens mentais” proporcionadas pela escrita e pela poesia.
“De metralhadora na mão”, o vocalista do grupo Sereias junta-se ao coro daqueles que, em seu entender, têm verdadeiro interesse: “os loucos, os palhaços, as putas”, nos antípodas do que chama de “vendilhões”, como “os consumistas, os moralistas e os patrões”.
Nem só de apelos à revolta é feita esta escrita, na qual também encontramos uma dimensão íntima onde cabem odes frequentes às mulheres, eterna inspiração de muitos dos seus poemas.
Súmula temática e ideológica do que foi escrevendo ao longo dos anos, “Mulheres, visões e revoltas” distingue-se da maioria do que já publicou pela depuração crescente. Essa busca do mínimo encontra apenas exceção em “O grande maldito”, porventura o pico criativo do livro, em que Ribeiro lança um longo olhar retrospetivo sobre uma existência feita “para celebrar / para gritar / para ir até ao fim”.
António Pedro Ribeiro ou A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 68. Viveu em Braga, Trofa, Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É vocalista da banda Sereias. É autor dos livros, sobretudo de poesia, "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", "Queimai o Dinheiro", "Dez Pés Abaixo do Mundo" (Antologia), "O Lobo e a Capuchinho-Poemas Livres" (com Paula Vinhais), "Os Últimos Copos", "Crónicas de Iluminação e de Rebeldia", "O Caos às Portas da Ilha", "Poemas de Natal para Homens Crescidos" (com desenhos de César Taibo), "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas", "Fora da Lei", "Café Paraiso", "Um Poeta no Piolho", "Um Poeta a Mijar", "Saloon", "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll", "A Mesa do Homem Só" e "Gritos. Murmurios" (com Rui Soares). António Pedro Ribeiro participou, como diseur, em diversas sessões de poesia e tertúlias poéticas nos bares Púcaros, Pinguim, Olimpo e na Casa da Madeira no Porto (com Luís Beirão), Pátio em Vila do Conde, Juno, Deslize e Tuaregue em Braga e Casa das Artes de Famalicão. É sociólogo, cronista e foi jornalista. Activista estudantil, foi dirigente do Jornal Universitário do Porto. Militou e foi candidato dos partidos PSR, Bloco de Esquerda e MRPP.
António Pedro Ribeiro ou A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 68. Viveu em Braga, Trofa, Porto e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É vocalista da banda Sereias. É autor dos livros, sobretudo de poesia, "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", "Queimai o Dinheiro", "Dez Pés Abaixo do Mundo" (Antologia), "O Lobo e a Capuchinho-Poemas Livres" (com Paula Vinhais), "Os Últimos Copos", "Crónicas de Iluminação e de Rebeldia", "O Caos às Portas da Ilha", "Poemas de Natal para Homens Crescidos" (com desenhos de César Taibo), "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os Mercados e Outras Conversas", "Fora da Lei", "Café Paraiso", "Um Poeta no Piolho", "Um Poeta a Mijar", "Saloon", "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll", "A Mesa do Homem Só" e "Gritos. Murmurios" (com Rui Soares). António Pedro Ribeiro participou, como diseur, em diversas sessões de poesia e tertúlias poéticas nos bares Púcaros, Pinguim, Olimpo e na Casa da Madeira no Porto (com Luís Beirão), Pátio em Vila do Conde, Juno, Deslize e Tuaregue em Braga e Casa das Artes de Famalicão. É sociólogo, cronista e foi jornalista. Activista estudantil, foi dirigente do Jornal Universitário do Porto. Militou e foi candidato dos partidos PSR, Bloco de Esquerda e MRPP.
Outras edições
Conheça outras edições que podem interessar
Junte-se à Apuro, uma associação que promove cultura e solidariedade
Interessado em saber mais sobre a Apuro e como pode fazer parte da nossa comunidade? Entre em contacto connosco, teremos todo o prazer em responder às suas questões e apresentar-lhe os nossos projetos e atividades.